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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

PARÓQUIA DO ANIL EM ESTADO DE FORMAÇÃO PERMANENTE











PARÓQUIA DO ANIL EM ESTADO DE FORMAÇÃO PERMANENTE

DECLARAÇÃO
GRAVISSIMUM EDUCATIONIS
SOBRE A EDUCAÇÃO CRISTÃ

PROÉMIO
Importância e actualidade
O sagrado Concílio Ecuménico considerou atentamente a gravíssima importância da educação na vida do homem e a sua influência cada vez maior no progresso social do nosso tempo(1). Na verdade, a educação dos jovens, e até uma certa formação continuada dos adultos torna-se, nas circunstâncias actuais, não só mais fácil mas também mais urgente. Com efeito, os homens, mais plenamente conscientes da própria dignidade e do próprio dever, anseiam por tomar parte cada vez mais activamente na vida social , sobretudo, na vida económica e política (2); os admiráveis progressos da técnica e da investigação científica e os novos meios de comunicação social dão aos homens a oportunidade de, gozando por vezes de mais tempo livre, conseguirem mais facilmente a cultura intelectual e moral e de mútuamente se aperfeiçoarem, mercê dos laços de união mais estreitos quer com os grupos quer mesmo com os povos.
Por isso, em toda a parte se fazem esforços para promover cada vez mais a educação; declaram-se e registam-se em documentos públicos os direitos fundamentais dos homens e, em particular, dos filhos e dos pais, relativos à educação (3); com o aumento crescente do número de alunos, multiplicam-se e aperfeiçoam-se as escolas e fundam-se outros centros de educação; cultivam-se, com novas experiências, os métodos de educação e de instrução; realizam-se grandes esforços para que tais métodos estejam à disposição de todos os homens, embora muitas crianças e jovens ainda não possuam a formação mais elementar, e tantos outros careçam de educação adequada, na qual se cultivem simultâneamente a verdade e a caridade.
Visto que a santa Mãe Igreja, para realizar o mandato recebido do seu fundador, de anunciar o mistério da salvação a todos os homens e de tudo restaurar em Cristo, deve cuidar de toda a vida do homem, mesmo da terrena enquanto está relacionada com a vocação celeste (4), tem a sua parte no progresso e ampliação da educação. Por isso, o sagrado Concílio enuncia alguns princípios fundamentais sobre a educação cristã mormente nas escolas, princípios que serão depois desenvolvidos por uma Comissão especial e aplicada nos diversos lugares pelas Conferências episcopais.
Direito universal à educação
1. Todos os homens, de qualquer estirpe, condição e idade, visto gozarem da dignidade de pessoa, têm direito inalienável a uma educação (5) correspondente ao próprio fim (6), acomodada à própria índole, sexo, cultura e tradições pátrias, e, ao mesmo tempo, aberta ao consórcio fraterno com os outros povos para favorecer a verdadeira unidade e paz na terra. A verdadeira educação, porém, pretende a formação da pessoa humana em ordem ao seu fim último e, ao mesmo tempo, ao bem das sociedades de que o homem é membro e em cujas responsabilidades, uma vez adulto, tomará parte.
Por isso, é necessário que, tendo em conta os progressos da psicologia, pedagogia e didáctica, as crianças e os adolescentes sejam ajudados em ordem ao desenvolvimento harmónico das qualidades físicas, morais e intelectuais, e à aquisição gradual dum sentido mais perfeito da responsabilidade na própria vida, rectamente cultivada com esforço contínuo e levada por diante na verdadeira liberdade, vencendo os obstáculos com magnanimidade e constância. Sejam formados numa educação sexual positiva e prudente, à medida que vão crescendo. Além disso, de tal modo se preparem para tomar parte na vida social, que, devidamente munidos dos instrumentos necessários e oportunos, sejam capazes de inserir-se activamente nos vários agrupamentos da comunidade humana, se abram ao diálogo com os outros e se esforcem de boa vontade por cooperar no bem comum.
De igual modo, o sagrado Concílio declara que as, crianças e os adolescentes têm direito de serem estimulados a estimar rectamente os valores morais e a abraçá-los pessoalmente, bem como a conhecer e a amar Deus mais perfeitamente. Por isso, pede insistentemente a todos os que governam os povos ou orientam a educação, para que providenciem que a juventude nunca seja privada deste sagrado direito. Exorta, porém, os filhos da Igreja a que colaborem generosamente em todo o campo da educação, sobretudo com a intenção de que se possam estender o mais depressa possível a todos e em toda a parte os justos benefícios da educação e da instrução(7).
Natureza e fim da educação cristã
2. Todos os cristãos que, uma vez feitos nova criatura mediante a regeneração pela água e pelo Espírito Santo(8), se chamam e são de facto filhos de Deus, têm direito à educação cristã. Esta procura dar não só a maturidade da pessoa humana acima descrita, mas tende principalmente a fazer com que os baptizados, enquanto são introduzidos gradualmente no conhecimento do mistério da salvação, se tornem cada vez mais conscientes do dom da fé que receberam; aprendam, principalmente na acção litúrgica, a adorar Deus Pai em espírito e verdade (cfr. Jo. 4,23), disponham-se a levar a própria vida segundo o homem novo em justiça e santidade de verdade (EL 4, 22-24); e assim se aproximem do homem perfeito, da idade plena de Cristo (cfr. Ef. 4,13) e colaborem no aumento do Corpo místico. Além disso, conscientes da sua vocação; habituem-se quer a testemunhar a esperança que neles existe (cf. 1 Ped. 3,15), quer a ajudar a conformação cristã do mundo, mediante a qual os valores naturais assumidos na consideração integral do homem redimido por Cristo, cooperem no bem de toda a sociedade (9). Por isso, este sagrado Concílio lembra aos pastores de almas o dever de dispor as coisas de maneira que todos os fiéis gozem desta educação cristã, sobretudo os jovens que são a esperança da Igreja (10).
Os educadores: pais, sociedade civil e Igreja
3. Os pais, que transmitiram a vida aos filhos, têm uma gravíssima obrigação de educar a prole e, por isso, devem ser reconhecidos como seus primeiros e principais educadores (11). Esta função educativa é de tanto peso que, onde não existir, dificilmente poderá ser suprida. Com efeito, é dever dos pais criar um ambiente de tal modo animado pelo amor e pela piedade para com Deus e para com os homens que favoreça a completa educação pessoal e social dos filhos. A família é, portanto, a primeira escola das virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade. Mas, é sobretudo, na família cristã, ornada da graça e do dever do sacramento do Matrimónio, que devem ser ensinados os filhos desde os primeiros anos, segundo a fé recebida no Baptismo a conhecer e a adorar Deus e a amar o próximo; é aí que eles encontram a primeira experiência quer da sã sociedade humana quer da Igreja; é pela família, enfim, que eles são pouco a pouco introduzidos no consórcio civil dos homens e no Povo de Deus. Caiam, portanto, os pais na conta da importância da família verdadeiramente cristã na vida e progresso do próprio Povo de Deus(12).
O dever de educar, que pertence primariamente à família, precisa da ajuda de toda a sociedade. Portanto, além dos direitos dos pais e de outros a quem os pais confiam uma parte do trabalho de educação, há certos deveres e direitos que competem à sociedade civil, enquanto pertence a esta ordenar o que se requer para o bem comum temporal. Faz parte dos seus deveres promover de vários modos a educação da juventude: defender os deveres e direitos dos pais e de outros que colaboram na educação e auxiliá-los; segundo o princípio da subsidiariedade, ultimar a obra da educação, se falharem os esforços dos pais e das outras sociedades, tendo, todavia, em consideração, os desejos dos pais; além disso, fundar escolas e instituições próprias, na medida em que o bem comum o exigir (13).
Finalmente, por uma razão particular pertence à Igreja o dever de educar, leão só porque deve também ser reconhecida como sociedade humana capaz de ministrar a educação, mas sobretudo porque tem o dever de anunciar a todos os homens o caminho da salvação, de comunicar aos crentes a vida de Cristo e ajudá-los, com a sua contínua solicitude, a conseguir a plenitude desta vida (14). Portanto, a Igreja é obrigada a dar, como mãe, a estes seus filhos aquela educação, mercê da qual toda a sua vida seja imbuída do espírito de Cristo; ao mesmo tempo, porém, colabora com todos os povos na promoção da perfeição integral da pessoa humana, no bem da sociedade terrestre e na edificação dum mundo configurado mais humanamente (15).
Meios da Igreja para a educação cristã
4. No desempenho do seu múnus educativo, a Igreja preocupa-se com todos os meios aptos, sobretudo com aqueles que lhe pertencem; o primeiro dos quais é a instrução catequética (16) que ilumina e fortalece a fé, alimenta a vida segundo o espírito de Cristo, leva a uma participação consciente e activa no mistério de Cristo (17) e impele à acção apostólica. A Igreja aprecia muito e procura penetrar e elevar com o seu espírito também os restantes meios, para cultivar as almas e formar os homens, como são os meios de comunicação social (18), as múltiplas organizações culturais e desportivas, os agrupamentos juvenis e, sobretudo, as escolas.
Importância das escolas
5. Entre todos os meios de educação, tem especial importância a escola (19), que, em virtude da sua missão, enquanto cultiva atentamente as faculdades intelectuais, desenvolve a capacidade de julgar rectamente, introduz no património cultural adquirido pelas gerações passadas, promove o sentido dos valores, prepara a vida profissional, e criando entre alunos de índole e condição diferentes um convívio amigável, favorece a disposição à compreensão mútua; além disso, constitui como que um centro em cuja operosidade e progresso devem tomar parte, juntamente, as famílias, os professores, os vários agrupamentos que promovem a vida cultural, cívica e religiosa, a sociedade civil e toda a comunidade humana.
É bela, portanto, e de grande responsabilidade a vocação de todos aqueles que, ajudando os pais no cumprimento do seu dever e fazendo as vezes da comunidade humana, têm o dever de educar nas escolas; esta vocação exige especiais qualidades de inteligência e de coração, uma preparação esmeradíssima e uma vontade sempre pronta à renovação e adaptação.
Obrigações e direitos dos pais
6. Os pais, cujo primeiro e inalienável dever e direito é educar os filhos, devem gozar de verdadeira liberdade na escolha da escola. Por isso, o poder público, a quem pertence proteger e defender as liberdades dos cidadãos, deve cuidar, segundo a justiça distributiva, que sejam concedidos subsídios públicos de tal modo que os pais possam escolher, segundo a própria consciência, com toda a liberdade, as escolas para os seus filhos (20).
De resto, é próprio do poder público providenciar para que todos os cidadãos possam alcançar uma justa participação na cultura e sejam preparados para exercer devidamente os deveres e os direitos civis Portanto, o mesmo poder público deve defender o direito das crianças a uma adequada educação escolar, velar pela competência dos professores e pela eficácia dos estudos, atender à saúde dos alunos e, em geral, promover todo o trabalho escolar, tendo em consideração o dever da subsidiariedade e, portanto, excluindo o monopólio do ensino, que vai contra os direitos inatos da pessoa humana, contra o progresso e divulgação da própria cultura, contra o convívio pacífico dos cidadãos e contra o pluralismo que vigora em muitíssimas sociedades de hoje (21).
O sagrado Concílio, porém, exorta os fiéis a colaborarem espontâneamente quer para encontrar os métodos aptos de educação e de organização dos estudos, quer para formar professores capazes de educar rectamente os jovens; secundem com o seu auxílio, sobretudo mediante associações dos pais, todo o trabalho da escola e em particular a educação moral que na escola deve ser ministrada (22).
Solicitude pelos alunos das escolas não-católicas
7. Tendo, além disso, a consciência do dever gravíssimo de cuidar zelosamente da educação moral e religiosa de todos os seus filhos, a Igreja sabe que deve estar presente com o seu particular afecto e com o seu auxílio aos que são formados em escolas não católicas: quer pelo testemunho de vida dos professores e directores, quer pela acção apostólica dos colegas (23), quer sobretudo pelo ministério dos sacerdotes e dos leigos que lhes ensinam a doutrina da salvação, adaptada à idade e condição, e os auxiliam espiritualmente com iniciativas oportunas segundo as circunstâncias.
Lembra, porém, aos pais o grave dever que lhes incumbe de tudo disporem, ou até exigirem, para que os seus filhos possam gozar de tais auxílios e progredir harmónicamente na formação cristã e profana. Por isso, a Igreja louva aquelas autoridades e sociedades civis que, tendo em conta o pluralismo da sociedade hodierna e atendendo à justa liberdade religiosa, ajudam as famílias para que a educação dos filhos possa ser dada em todas as escolas segundo os princípios morais e religiosos das mesmas famílias (24).
Escolas católicas: importância.
Direito da igreja
8. A presença da Igreja no campo escolar manifesta-se de modo particular por meio da escola católica. É verdade que esta busca, não menos que as demais escolas, fins culturais e a formação humana da juventude. É próprio dela, todavia, criar um ambiente de comunidade escolar animado pelo espírito evangélico de liberdade e de caridade, ajudar os adolescentes para que, ao mesmo tempo que desenvolvem a sua personalidade, cresçam segundo a nova criatura que são mercê do Baptismo, e ordenar finalmente toda a cultura humana à mensagem da salvação, de tal modo que seja iluminado pela fé o conhecimento que -os alunos adquirem gradualmente a respeito do mundo, da vida e do homem (25). Assim, a escola católica, enquanto se abre convenientemente às condições do progresso do nosso tempo, educa os alunos na promoção eficaz do bem da cidade terrestre, e prepara-os para o serviço da dilatação do reino de Deus, para que, pelo exercício duma vida exemplar e apostólica, se tornem como que o fermento salutar da comunidade humana.
Por isso, visto que a escola católica tanto pode ajudar na realização da missão do Povo de Deus, e tanto pode servir o diálogo entre a Igreja e a comunidade humana, para benefício dos homens, também nas circunstâncias actuais conserva a sua gravíssima importância. Por tal motivo, este sagrado Concílio proclama mais uma vez que a Igreja tem o direito, já declarado em muitíssimos documentos do magistério (26), de livremente fundar e dirigir escolas de qualquer espécie e grau, recordando que o exercício de tal direito muito pode concorrer para a liberdade de consciência e defesa dos direitos dos pais, bem como para o progresso da própria cultura.
Lembrem-se, porém, os professores de que sobretudo deles depende que a escola católica possa realizar os seus intentos e iniciativas (27). Sejam, por isso, preparados com particular solicitude, para que estejam munidos de ciência quer profana quer religiosa, comprovada pelos respectivos títulos, e possuam a arte de educar, de harmonia com o progresso dos nossos dias. Unidos entre si e com os alunos pela caridade, e imbuídos de espírito apostólico, dêem testemunho de Cristo, mestre único, quer com a vida quer com a doutrina. Colaborem, sobretudo, com os pais; juntamente com eles, tenham na devida consideração, em toda a obra educativa, a diferença sexual e o fim próprio atribuído pela Providência divina a cada sexo na família e na sociedade; esforcem-se por suscitar a acção pessoal dos alunos, e, depois de acabado o curso escolar, continuem a acompanhá-los com o conselho, a amizade e com a organização de associações peculiares imbuídas de verdadeiro espírito eclesial. .O sagrado Concílio declara que o ministério destes professores é um autêntico apostolado, muito oportuno e necessário também nos nossos dias, e, ao mesmo tempo, um verdadeiro serviço prestado à sociedade. E aos pais católicos recorda o dever de confiarem os seus filhos, quando e onde puderem às escolas católicas, de as sustentarem segundo as suas forças e de colaborarem com elas para bem dos próprios filhos (28).
Diversas espécies de escolas católicas
9. É necessário que todas as escolas, de qualquer modo dependentes da Igreja, sejam conformes a este modelo de escola católica, embora esta possa revestir várias formas segundo as condições de lugar (29). Sem dúvida a Igreja estima profundamente também as escolas católicas que, sobretudo nos territórios das novas cristandades, são frequentadas por alunos não católicos.
De resto, devem ter-se em conta as necessidades do nosso tempo na fundação e organização das escolas católicas. Por isso, se por um lado devem continuar a ser promovidas as escolas inferiores e médias que constituem o alicerce da educação, também devem ser tidas em muita conta aquelas que as condições hodiernas exigem dum modo particular, como são as chamadas escolas profissionais (30) e técnicas, as instituições destinadas à educação dos adultos, à promoção dos socorros sociais bem como àqueles que, por defeito da natureza, necessitam de cuidado particular, e as escolas em que os professores são preparados em função quer da formação religiosa quer das demais formas de educação.
O sagrado Concílio exorta veementemente tanto os pastores da Igreja como os fiéis a que, não omitindo nenhum sacrifício, ajudem as escolas católicas na realização cada vez mais perfeita do seu múnus, e, antes de mais, remediando as necessidades daqueles que são pobres de bens temporais ou privados do auxílio e do afecto da família ou desprovidos do dom da fé.
Faculdades e Universidades católicas
10. A Igreja acompanha igualmente com zelosa solicitude as escolas de nível superior, sobretudo as Universidades e as Faculdades. Mais ainda naquelas que dela dependem, procura de modo orgânico que cada disciplina seja de tal modo cultivada com princípios próprios, método próprio e liberdade própria da investigação científica, que se consiga uma inteligência cada vez mais profunda dela, e, consideradas cuidadosamente as questões e as investigações actuais, se veja mais profundamente como a fé e a razão conspiram para a verdade única, segundo as pisadas dos doutores da Igreja, mormente de S. Tomás de Aquino (31). E assim se consiga a presença pública, estável e universal da mentalidade cristã em todo o esforço de promoção da cultura superior, e que os alunos destas instituições se façam homens verdadeiramente notáveis pela doutrina, preparados para aceitar os mais importantes cargos na sociedade e ser testemunhas da fé no mundo (32).
Nas Universidades católicas onde não existe nenhuma Faculdade de sagrada teologia, funde-se um Instituto ou uma cátedra de sagrada teologia, na qual se dêem lições adaptadas também a alunos leigos. Visto que as ciências progridem sobretudo mercê de investigações especiais de maior alcance científico, favoreçam-se o mais possível nas Universidades e Faculdades católicas aqueles institutos cujo fim primário é a promoção da investigação científica.
O sagrado Concílio muito recomenda que se fundem Universidades e Faculdades católicas, convenientemente distribuídas pelas diversas partes da terra, de tal maneira, porém, que brilhem não pelo número mas pela dedicação à ciência; e facilite-se a entrada aos alunos de maior esperança, embora de pouca fortuna, sobretudo aos oriundos das nações jovens.
Já que a sorte da sociedade e da própria Igreja está intimamente relacionada com o bom aproveitamento dos jovens dados aos estudos superiores (33), os pastores da Igreja não só tenham grande cuidado pela vida espiritual dos alunos que frequentam as Universidades católicas, mas, solícitos da formação espiritual de todos os seus filhos, nas reuniões episcopais oportunamente convocadas, providenciem para que também junto das Universidades não católicas haja residências e centros universitários católicos, nos quais sacerdotes, religiosos e leigos, cuidadosamente escolhidos e preparados, dêem um auxílio espiritual e intelectual permanente à juventude universitária. Porém, os jovens de melhor talento quer das Universidades católicas quer das outras, que pareçam aptos para o ensino e para a investigação, sejam cultivados com especial cuidado e preparados para o exercício do magistério.
Faculdades de ciências sagradas
11. A Igreja espera muitíssimo do trabalho das Faculdades de ciências sagradas (34). Com efeito, a elas confia o gravíssimo dever de preparar os  próprios alunos não só para o ministério sacerdotal mas, sobretudo, quer para ensinarem nas cátedras dos estudos eclesiásticos superiores, quer para fazerem progredir as disciplinas com o próprio esforço, quer para receberem os encargos mais pesados do apostolado intelectual. Da mesma maneira, é dever dessas Faculdades investigar mais profundamente os vários campos das disciplinas sagradas, de tal maneira que se consiga uma inteligência cada vez mais profunda da Sagrada Escritura, se patenteie mais plenamente o património da sabedoria cristã transmitido pelos antepassados, se promova o diálogo com os irmãos separados e com os não cristãos e se dê resposta às questões nascidas do progresso da ciência (35).
Por isso, as Faculdades eclesiásticas, depois de oportunamente revistas as suas leis, promovam zelosamente as ciências sagradas e as outras com elas relacionadas e, usando os métodos e instrumentos mais modernos, formem os alunos para mais altas investigações.
A coordenação das escolas católicas
12. Como a colaboração, que em nível diocesano, nacional e internacional se torna cada vez mais urgente e adquire mais força, é igualmente muito necessária no campo escolar, deve procurar-se com todas as forças que entre as escolas católicas se favoreça uma apta coordenação, e, entre elas e as restantes escolas se intensifique a cooperação exigida pelo bem de toda a comunidade humana (36).
Da maior coordenação e colaboração, sobretudo no âmbito dos Institutos académicos, se colherão frutos mais abundantes. Por isso, em todas as Universidades colaborem as várias Faculdades entre si, tanto quanto o seu objecto o permitir. Também as próprias Universidades cooperem entre si com esforços unidos, organizando conjuntamente congressos internacionais, distribuindo entre si o trabalho de investigação científica, comunicando umas às outras as próprias descobertas, permutando temporáriamente os professores, e promovendo tudo quanto favoreça uma maior ajuda mútua.
CONCLUSÃO
Conclusão: exortação aos educadores e alunos
O sagrado Concílio exorta vivamente os jovens a que, conscientes ,s da importância do múnus educativo, estejam preparados para o receberem os com ânimo generoso, sobretudo naquelas regiões em que, por falta de professores, a educação da juventude está em perigo. O mesmo sagrado Concílio, enquanto se confessa muito grato aos sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos que se ocupam com dedicação evangélica na obra excelente da educação e do ensino de qualquer espécie e grau, exorta-os a que perseverem generosamente no trabalho começado e a que de tal modo se esforcem por sobressair em encher os alunos do espírito de Cristo, na arte pedagógica e no estudo das ciências que não só promovam a renovação interna da Igreja mas também conservem e aumentem a sua presença benéfica no mundo hodierno, sobretudo no intelectual.
Roma, 28 de Outubro de 1965.

PAPA PAULO VI

PARÓQUIA DO ANIL EM ESTADO DE FORMAÇÃO PERMANENTE

DECRETO 
INTER MIRIFICA
SOBRE OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 

PROÉMIO
Importância dos meios de comunicação social
1. Entre as maravilhosas invenções da técnica que, principalmente nos nossos dias, o engenho humano extraiu, com a ajuda de Deus, das coisas criadas, a santa Igreja acolhe e fomenta aquelas que dizem respeito, antes de mais, ao espírito humano e abriram novos caminhos para comunicar facilmente notícias, ideias e ordens. Entre estes meios, salientam-se aqueles que, por sua natureza, podem atingir e mover não só cada um dos homens mas também as multidões e toda a sociedade humana, como a imprensa, o cinema, a rádio, a televisão e outros que, por isso mesmo, podem chamar-se, com toda a razão meios de comunicação social.
Relação com a ordem moral
2. A mãe Igreja sabe que estes meios, rectamente utilizados, prestam ajuda valiosa ao género humano, enquanto contribuem eficazmente para recrear e cultivar os espíritos e para propagar e firmar o reino de Deus; sabe também que os homens podem utilizar tais meios contra o desígnio do Criador e convertê-los em meios da sua própria ruína; mais ainda, sente uma maternal angústia pelos danos que, com o seu mau uso, se têm infligido, com demasiada frequência, à sociedade humana.
Em face disto, o sagrado Concílio, acolhendo a vigilante preocupação de Pontífices e Bispos em matéria de tanta importância, considera seu dever ocupar-se das principais questões respeitantes aos meios de comunicação social. Confia, além disso, em que a sua doutrina e disciplina, assim apresentadas, aproveitarão não só ao bem dos cristãos, mas também ao progresso de toda a sociedade humana.
CAPÍTULO I
A Igreja e os meios de comunicação social
3. A Igreja católica, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo para levar a salvação a todos os homens, e por isso mesmo obrigada a evangelizar, considera seu dever pregar a mensagem de salvação, servindo-se dos meios de comunicação social, e ensina aos homens a usar rectamente estes meios.
À Igreja, pois, compete o direito nativo de usar e de possuir toda a espécie destes meios, enquanto são necessários ou úteis à educação cristã e a toda a sua obra de salvação das almas; compete, porém, aos sagrados pastores o dever de instruir e de dirigir os fiéis de modo que estes, servindo-se dos ditos meios, alcancem a sua própria salvação e perfeição, assim como a de todo o género humano.
Além disso, compete principalmente aos leigos vivificar com espírito humano e cristão estes meios, a fim de que correspondam à grande esperança do género humano e aos desígnios divinos.
Normas para o seu recto uso
4. Para o recto uso destes meios, é absolutamente necessário que todos os que servem deles conheçam e ponham fielmente em prática, neste campo, as normas da ordem moral. Considerem, pois, as matérias que se difundem através destes meios, segundo a natureza peculiar de cada um; tenham, ao mesmo tempo, em conta todas as circunstâncias ou condições, isto é, o fim, as pessoas, o lugar, o tempo e outros factores mediante os quais a comunicação se realiza e que podem mudar ou alterar inteiramente a sua bondade moral; entre estas circunstancias, conta-se o carácter específico com que actua cada meio, nomeadamente a sua própria força, que pode ser tão grande que os homens, sobretudo se não estão prevenidos, dificilmente serão capazes de a descobrir, dominar e, se se der o caso, a pôr de lado.
Formação de uma consciência recta sobre a informação
5. É necessário, sobretudo, que todos os interessados na utilização destes meios de comunicação formem rectamente a consciência acerca de tal uso, em especial no que se refere a algumas questões acremente debatidas nos nossos dias.
A primeira questão refere-se à chamada informação, ou obtenção e divulgação das notícias. É evidente que tal informação, em virtude do progresso actual da sociedade humana e dos vínculos mais estreitos entre os seus membros, resulta muito útil e, na maioria das vezes, necessária, pois a comunicação pública e oportuna de notícias sobre acontecimentos e coisas facilita aos homens um conhecimento mais amplo e contínuo dos factos, de tal modo que pode contribuir eficazmente para o bem comum e maior progresso de toda a sociedade humana. Existe, pois, no seio da sociedade humana, o direito à informação sobre aquelas coisas que convêm aos homens, segundo as circunstâncias de cada um, tanto particularmente como constituídos em sociedade. No entanto, o uso recto deste direito exige que a informação seja sempre objectivamente verdadeira e, salvas a justiça e a caridade, íntegra. Quanto ao modo, tem de ser, além disso, honesto e conveniente, isto é, que respeite as leis morais do homem, os seus legítimos direitos e dignidade, tanto na obtenção da notícia como na sua divulgação. Na verdade, nem toda a ciência aproveita, «mas a caridade é construtiva» ( 1 Cor. 8,1).
Sobre a relação entre arte e moral
6. Uma segunda questão se põe sobre as relações que medeiam entre os chamados direitos da arte e as normas da lei moral. Dado que, não raras vezes, as controvérsias que surgem sobre este tema têm a sua origem em falsas doutrinas sobre ética e estética, o Concílio proclama que a primazia da ordem moral objectiva há-de ser aceite por todos, porque é a única que supera e coerentemente ordena todas as demais ordens humanas, por mais dignas que sejam, sem excluir a arte. Na realidade, só a ordem moral atinge, em toda a sua natureza, o homem, criatura racional de Deus e chamado ao sobrenatural; quando tal ordem moral se observa íntegra e fielmente, condu-lo à perfeição e bem-aventurança plena.
Sobre a apresentação do mal moral
7. Finalmente, a narração, descrição e representação do mal moral podem, sem dúvida, com o auxílio dos meios de comunicação social, servir para conhecer e descobrir melhor o homem e para fazer que melhor resplandeçam e se exaltem a verdade e o bem, obtendo, além disso, oportunos efeitos dramáticos; todavia, para que não produzam maior dano que utilidade às almas, hão de acomodar-se plenamente às leis morais, sobretudo se se trata de coisas que merecem o máximo respeito ou que incitam mais facilmente o homem, marcado pela culpa original, a desejos depravados.
Justiça e caridade na formação da opinião pública
8. Visto que a opinião pública exerce hoje uma poderosa influência em todas as ordens da vida social, pública e privada, é necessário que todos os membros da sociedade cumpram os seus deveres de justiça e de caridade também nesta matéria e, portanto, que com o auxílio destes meios, se procure formar e divulgar uma recta opinião pública.
Deveres dos destinatários
9. Deveres peculiares competem a todos os destinatários da informação, leitores, espectadores e ouvintes, que, por pessoal e livre escolha, recebem as informações difundidas por estes meios de comunicação. Na realidade, uma recta escolha exige que estes favoreçam plenamente tudo o que se destaca pela perfeição, ciência e arte, e evitem, em contrapartida, tudo o que possa ser causa ou ocasião de dano espiritual para eles e para os outros, pelo mau exemplo que possam ocasionar-lhes, e o que dificulte as boas produções e favoreça as más produções e boas, o que sucede amiúde, contribuindo economicamente para empresas que somente atendem ao lucro com a utilização destes meios.
Assim, pois, para que os destinatários da informação cumpram a lei moral, devem cuidar de informar-se oportunamente sobre os juízos ou critérios das autoridades competentes nesta matéria e segui-los segundo as normas da recta consciência Todavia, para que possam, com maior facilidade, opor-se aos maus conselhos e apoiar plenamente os bons, procurem dirigir e formar a sua consciência com os recursos adequados.
Moderação e disciplina no seu uso
10. Os destinatários, sobretudo os jovens, procurem acostumar-se a ser moderados e disciplinados no uso destes meios; ponham, além disso, empenho em entenderem bem o que ouvem, lêem e vêem; dialoguem com educadores e peritos na matéria e aprendam a formar um recto juízo.
Recordem os pais que é seu dever vigiar cuidadosamente por que os espectáculos, as leituras e coisas parecidas que possam ofender a fé ou os bons costumes não entrem no lar e por que os seus filhos não os vejam noutra parte.
Deveres dos realizadores e autores
11. Importante obrigação moral incumbe, quanto ao bom uso dos meios de comunicação social, aos jornalistas, escritores, actores, produtores, realizadores, exibidores, distribuidores, empresários e vendedores, críticos e, além destes, a todos quantos intervêm na realização e difusão das comunicações. Na realidade, é de todo evidente a transcendente importância desta obrigação nas actuais condições humanas, já que eles, informando e incitando, podem encaminhar recta ou torpemente o género humano.
Portanto, é sua missão tratar as questões económicas, políticas ou artísticas de modo que não causem prejuízo ao bem comum; para se conseguir isto mais facilmente, bem será que se associem profissionalmente – incluindo-se, se for necessário, o compromisso de observar, desde o começo, um código moral – àquelas associações que imponham a seus membros o respeito pelas leis morais nas empresas e trabalhos da sua profissão.
Lembrem-se sempre de que a maior parte dos leitores e espectadores é composta de jovens necessitados de imprensa e de espectáculos que lhes ofereçam exemplos de moralidade e os estimulem a sentimentos elevados. Procurem, além disso, que as comunicações sobre assuntos religiosos se confiem a pessoas dignas e peritas e se tratem com a devida reverência.
Deveres das autoridades civis
12. As autoridades civis têm peculiares deveres nesta matéria em razão do bem comum ao qual se ordenam estes meios. Em virtude da sua autoridade e em função da mesma, compete-lhes defender e tutelar a verdadeira e justa liberdade de que a sociedade moderna necessita inteiramente para seu proveito, sobretudo no que se refere à imprensa; promover a religião, a cultura e as belas artes; defender os receptores, para que possam gozar livremente dos seus legítimos direitos. Por outro lado, à autoridade civil compete fomentar aquelas iniciativas que, sendo especialmente úteis à juventude, não poderiam de outro modo ser realizadas.
Por último, a mesma autoridade pública, que legitimamente se ocupa da saúde dos cidadãos, está obrigada a procurar justa e zelosamente, mediante a oportuna promulgação e diligente execução das leis, que não se cause dano aos costumes e ao progresso da sociedade através de um mau uso destes meios de comunicação. Essa cuidada diligência não restringe, de modo algum, a liberdade dos indivíduos ou das associações, sobretudo quando faltam as devidas precauções por parte daqueles que, por motivo do seu oficio, manejam estes meios.
Tenha-se um especial cuidado em proteger os jovens contra a imprensa e os espectáculos que sejam perniciosos para a sua idade.
CAPÍTULO II
Os meios de comunicação social e o apostolado
13. Procurem, de comum acordo, todos os filhos da Igreja que os meios de comunicação social se utilizem, sem demora e com o máximo empenho nas mais variadas formas de apostolado, tal como o exigem as realidades e as circunstâncias do nosso tempo, adiantando-se assim às más iniciativas, especialmente naquelas regiões em que o progresso moral e religioso reclama uma maior atenção.
Apressem-se, pois, os sagrados pastores a cumprir neste campo a sua missão, intimamente ligada ao seu dever ordinário de pregar. Por seu lado, os leigos que fazem uso dos ditos meios, procurem dar testemunho de Cristo, realizando, em primeiro lugar, as suas próprias tarefas com perícia e espírito apostólico, e oferecendo, além disso, no que esteja ao seu alcance, mediante as possibilidades da técnica, da economia, da cultura e da arte, o seu apoio directo à acção pastoral da Igreja.
Iniciativas dos católicos
14. Há que fomentar, antes de mais, a boa imprensa. Porém, para imbuir plenamente de espírito cristão os leitores, deve criar-se e difundir-se uma imprensa genuinamente católica que – sob o estímulo e a dependência directa quer da autoridade eclesiástica quer de homens católicos – editada com a intenção de formar, afirmar e promover uma opinião pública em consonância com o direito natural e com a doutrina e princípios católicos, ao mesmo tempo que divulga e desenvolve adequadamente os acontecimentos relacionados com a vida da Igreja. Devem advertir-se os fiéis da necessidade de ler e difundir a imprensa católica para conseguir um critério cristão sobre todos os acontecimentos.
Promovam-se por todos os meios eficazes e assegurem-se a todo o custo a produção e a exibição de filmes destinados ao descanso honesto do espírito, proveitosos para a cultura e arte humana, sobretudo aqueles que se destinam à juventude; isto consegue-se, sobretudo, apoiando e coordenando as realizações e as iniciativas honestas, tanto da produção como da distribuição, recomendando as películas que merecem elogio por juízo concorde e pelos prémios dos críticos, fomentando e associando entre si as salas pertencentes a bons empresários católicos.
Preste-se, também, apoio eficaz às emissões radiofónicas e televisivas honestas, antes de mais àquelas que sejam apropriadas para as famílias. E fomentem-se com todo o interesse as emissões católicas, mediante as quais os ouvintes e os espectadores sejam estimulados a participar na vida da Igreja e se compenetrem das verdades religiosas. Com toda a solicitude, devem promover-se, onde for oportuno, as estações católicas; cuide-se, porém, que as suas transmissões primem pela sua perfeição e pela sua eficácia.
Cuide-se, enfim, de que a nobre e antiga arte cénica, que hoje se propaga amplamente através dos meios de comunicação social, trabalhe a favor dos valores humanos e da ordenação dos costumes dos espectadores.
Formação técnica e apostólica para o seu uso
15. Para prover às necessidades acima indicadas hão-de formar-se oportunamente sacerdotes, religiosos e também leigos, que possuam a devida perícia nestes meios e possam dirigi-los para os fins do apostolado.
Em primeiro lugar, devem ser instruídos os leigos na arte, doutrina e costumes, multiplicando o número das escolas, faculdades e institutos, onde os jornalistas, autores cinematográficos, radiofónicos, de televisão e demais interessados possam adquirir uma formação íntegra, penetrada de espírito cristão, sobretudo no que toca à doutrina social da Igreja. Também os actores cénicos hão-de ser formados e ajudados para que sirvam convenientemente, com a sua arte, a sociedade humana. Por último, hão-de preparar-se cuidadosamente críticos literários, cinematográficos, radiofónicos, da televisão e outros meios, que dominem perfeitamente a sua profissão, preparados e estimulados para emitir juízos nos quais a razão moral apareça sempre na sua verdadeira luz.
Formação da juventude
16. Tendo-se na devida conta que o uso dos meios de comunicação social, que se dirigem a pessoas diferentes na idade e na cultura, requer nestas pessoas uma formação e uma experiência adequadas e apropriadas, devem favorecer-se, multiplicar-se e encaminhar-se, segundo os princípios da moral cristã, as iniciativas que sejam aptas para conseguir este fim – sobretudo se se destinam aos jovens – nas escolas católicas de qualquer grau, nos Seminários e nas associações apostólicas dos leigos. Para que se obtenha isto com maior rapidez, a exposição e explicação da doutrina e disciplina católicas nesta matéria devem ter lugar no ensino do catecismo.
Ajuda económica
17. Como não convém absolutamente aos filhos da Igreja suportar insensivelmente que a doutrina da salvação seja obstruída e impedida por dificuldades técnicas ou por gastos, certamente volumosos, que são próprios destes meios, este sagrado Concílio chama a atenção para a obrigação de sustentar e auxiliar os diários católicos, as revistas e iniciativas cinematográficas, as estações e transmissões radiofónicas e televisivas, cujo fim principal é divulgar e defender a verdade, e prover à formação cristã da sociedade humana. Igualmente convida insistentemente as associações e os particulares, que gozam de uma grande autoridade nas questões económicas e técnicas, a sustentar com largueza e de bom grado, com os seus bens económicos e a sua perícia, estes meios, enquanto servem o aposto lado e a verdadeira cultura.
Dia mundial
18. Para que se revigore o apostolado da Igreja em relação com os meios de comunicação social, deve celebrar-se em cada ano em todas as dioceses do mundo, a juízo do Bispo, um dia em que os fiéis sejam doutrinados a respeito das suas obrigações nesta matéria, convidados a orar por esta causa e a dar uma esmola para este fim, a qual ser destinada a sustentar e a fomentar, segundo as necessidades do orbe católico, as instituições e as iniciativas promovidas pela Igreja nesta matéria.
Organismo da Santa Sé
19. Para exercitar a suprema cura pastoral sobre os meios de comunicação social, o Sumo Pontífice tem à sua disposição um peculiar organismo da Santa Sé (1).
Vigilância e solicitude pastoral dos Bispos
20. Será da competência dos Bispos, nas suas próprias dioceses, vigiar estas obras e iniciativas e promovê-las e, enquanto tocam ao apostolado público, ordená-las, sem excluir aquelas que se encontram submetidas à direcção dos religiosos isentos.
Organismos nacionais
21. Todavia, como a eficácia do apostolado em toda a nação requer unidade de propósitos e de esforços, este sagrado Concílio estabelece e manda que em toda a parte se constituam e se apoiem, por todos os meios, secretariados nacionais para os problemas da imprensa, do cinema, da rádio e da televisão. A missão destes secretariados será de velar por que a consciência dos fiéis se forme rectamente sobre o uso destes meios e estimular e organizar tudo o que os católicos realizem neste campo.
Em cada nação, a direcção destes secretariados há-de confiar-se a uma Comissão especial do Episcopado ou a um Bispo delegado. Nestes secretariados, hão de participar também leigos que conheçam a doutrina da Igreja sobre estas actividades.
Associações Internacionais
22. Posto que a eficácia de tais meios ultrapassa os limites das nações, e é como se convertesse cada homem em cidadão da humanidade, cooperem as iniciativas deste género, tanto no plano nacional como no internacional. Aqueles secretariados, de que se fala no número 21, hão-de trabalhar denodadamente em união com a sua correspondente Associação católica internacional. Estas Associações católicas internacionais, porém, são legitimamente aprovadas só pela Santa Sé e dela dependem.
CLÁUSULAS
Preparação de uma instrução pastoral pontifícia
23. Para que todos os princípios deste sagrado Concílio e as normas acerca dos meios de comunicação social se levem a efeito, publicar-se-á, por expresso mandato do Concilio e com a colaboração de peritos de várias nações, uma instrução pastoral; a sua publicação ficar a cargo do organismo da Santa Sé, de que se fala no número 19.
Exortação final
24. Além do mais, este sagrado Concílio confia em que estas instruções e normas serão livremente aceites e santamente observadas por todos os filhos da Igreja, os quais, por esta razão, ao utilizarem tais meios, longe de padecer dano, como sal e como luz darão sabor à terra e iluminarão o mundo. O Concílio convida, além disso, todos os homens de boa vontade, especialmente aqueles que dirigem estes meios, a que se esforcem por os utilizar a bem da sociedade humana, cuja sorte depende cada dia mais do uso recto deles.
Assim, pois, como nos monumentos artísticos da antiguidade, também agora, nos novos inventos, deve ser glorificado o nome do Senhor, segundo o que diz o Apóstolo: «Jesus Cristo, ontem e hoje, Ele mesmo por todos os séculos dos séculos» (Hebr. 13,8).
Vaticano, 4 de Dezembro de 1966.

PAPA PAULO VI

PARÓQUIA DO ANIL EM ESTADO DE FORMAÇÃO PERMANENTE

“GAUDIUM ET SPES”
Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje

A Igreja quer oferecer ao mundo de hoje as luzes e os auxílios do Evangelho, como resposta às situações angustiantes que nele se agitam sobre o sentido da vida e da atividade humana concreta no plano individual e social.
INTRODUÇÃO: a condição do homem no mundo de hoje
O progresso do mundo hodierno se caracteriza por fortes contrastes e profundas mudanças, com consequentes desequilíbrios na vida social e psicológica dos indivíduos, da família, das raças, classes e nações.
Algumas características do mundo moderno: 1) a exaltação da liberdade e, consequentemente, o aparecimento de novas formas de escravidão social e psíquica; 2) a procura por uma organização temporal mais perfeita, sem que o crescimento espiritual progrida ao mesmo tempo; 3) a influência da ciência e da técnica na formação do pensamento e da ordem da ação humana; 4) o introduzir de novas relações sociais sem que se promova relações pessoais; 5) põe-se em questão os valores recebidos, normas e condutas, particularmente junto aos jovens; 6) multidões afastam-se da religião; 7) surge o desequilíbrio entre a especialização da atividade humana e a visão universal das coisas; 8) a disseminação da própria ideologia. Resultado: nossos contemporâneos são impedidos de discernir os valores perenes.
O mundo moderno se apresenta ao mesmo tempo poderoso e débil. E mais, incapaz de dar respostas fundamentais às interrogações profundas do gênero humano: que é o homem? Qual é o significado da dor, do mal, da morte que, apesar de tanto progresso conseguido, continuam a subsistir?
Sobre esta situação, o Concílio dos Padres busca, na Gaudium et Spes, esclarecer o mistério do homem e cooperar na descoberta da solução dos principais problemas do nosso tempo.
1ª PARTE: a Igreja e a vocação do homem
                Feito à IMAGEM DE DEUS, o HOMEM É UM SER LIVRE e ABERTO A GRANDES PERSPECTIVAS. Contudo, MARCADO PELO PECADO é ao mesmo tempo carente do auxílio da graça redentora para se autorrealizar.
NASCIDO PARA UMA VOCAÇÃO DE COMUNHÃO COM DEUS, o homem se contradiz a si mesmo quando abraça o ateísmo, em qualquer de suas formas. Ao contrário, QUANDO ENCONTRA A CRISTO, o homem Perfeito, encontra o significado para a sua vida e para a sua morte.
        CAPÍTULO I: a dignidade da pessoa humana
Que pensa a Igreja sobre o homem? Que deve ser recomendado para a construção da sociedade atual? Qual é o significado último da atividade do homem no universo?
                As Sagradas Escrituras ensinam que o homem foi criado “à imagem de Deus”, capaz de conhecer e amar. Deus não o criou solitário, mas na comunhão de pessoas: homem e mulher. Resultado: o homem é, por natureza íntima, um ser social.
                Pelo pecado, sinal de abuso da liberdade, o homem destruiu a devida ordem em relação ao fim último e, ao mesmo tempo, a harmonia consigo mesmo, com os outros homens e com as coisas criadas. A partir daí a vida se apresenta como uma luta dramática entre o bem e o mal.
                Dignidade da consciência moral. Na intimidade da consciência, o homem descobre uma lei que o insta a fazer o bem e a evitar o mal. Ele não a dá a si mesmo.
                A prevalência pela consciência reta faz com que as pessoas se esforcem por conformar às normas objetivas da moralidade.
                Nossos contemporâneos, exaltando a liberdade, fomentam-na muitas vezes de forma viciada, com uma licença de fazer tudo que agrada, mesmo o mal. A verdadeira liberdade é sinal eminente da imagem de Deus no homem.
                Diante do mistério da morte, observa-se que a longevidade, que a biologia lhe consegue, não satisfaz o desejo de viver sempre mais neste mundo, porque longevidade não é eternidade. A semente da eternidade que o homem leva dentro de si se insurge contra a morte. Por isso, a fé dá ao homem uma resposta à sua angústia e sorte futura.
                O ateísmo contradiz a vocação do homem para a comunhão com Deus. O homem, se existe, é somente porque Deus o criou e isto por amor.
                Conselho: o remédio para o ateísmo deve ser não só a adequada exposição doutrinária, mas também a pureza de vida da Igreja e de seus membros. Com outras palavras, pelo testemunho de uma fé viva e adulta formada.
                O mistério do homem só se compreende no mistério de Cristo, o Homem Novo. Nele a natureza humana foi assumida, não aniquilada.
                Se nós o seguirmos, a vida e a morte se santificam e adquirem nova significação.
CAPÍTULO II: a comunidade humana
                Não basta o progresso técnico para que a humanidade venha a formar a comunidade pela qual aspira por natureza e vocação. É preciso que se desenvolva a intercomunicação, que se promova o bem comum e o respeito pelas pessoas, que se chague à justiça social e à participação de todos nos bens da cultura e da vida social.
Quão caro seja a Deus o ideal da comunidade humana aparecer no fato de que o VERBO se encarnou para reunir toda a família humana e instituir a Igreja como uma comunidade fraterna e sobrenatural.
                O homem é um ser social. A índole social do homem mostra que o aperfeiçoamento da pessoa e o desenvolvimento da sociedade dependem um do outro. Por sua natureza, a pessoa necessita absolutamente da vida social. Por isso, Ela é e deve ser o princípio, sujeito e fim das instituições sociais.
                Dos vínculos sociais necessários à educação do homem, a família e a comunidade política correspondem mais imediatamente à sua natureza íntima. As tensões existentes no âmbito econômico, política e social causam perturbações na ordem social.
                O bem comum. Qualquer grupo deve levar em conta tanto as necessidades e aspirações legítimas dos outros grupos, quanto o bem comum de toda a família humana. Esse bem comum envolve direitos e deveres mútuos que são universais e invioláveis.
                Coisas necessárias ao homem para que leve uma vida verdadeiramente humana: alimento, roupa, habitação, direito de escolher livremente o estado de vida e de construir família, direito à educação, ao trabalho, à boa fama, ao respeito, à conveniente informação, direito de agir segundo a norma reta de sua consciência, direito à proteção da vida particular e à justa liberdade, também em matéria religiosa.
                Qualquer forma de discriminação nos direitos fundamentais da pessoa deve ser eliminada.
                A ordem social e o seu progresso devem ordenar-se sem cessar ao bem das pessoas. Isto indica que a organização das coisas deve subordinar-se à ordem das pessoas e nunca o contrário. O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. E esta ordem deve ter por base a verdade.
                Ética individualista. Cultivar as virtudes morais e sociais e difundi-las na sociedade é tarefa de todos para que se supere uma ética individualista. A educação dos jovens deve ser organizada de modo que ajude a surgir homens e mulheres não só cultos, mas também de personalidade forte.
                O Verbo Encarnado ao ter querido participar da comunidade humana, santificou as relações humanas, sobretudo as familiares, das quais derivam as relações sociais.
CAPÍTULO III: sentido da atividade humana no mundo
                Atuar, dominando a criação, é a vocação do homem. O progresso material deve estar, porém, subordinado ao progresso moral e social do gênero humano.
A Escritura e a própria experiência atestam como o progresso pode tantas vezes servir ao egoísmo e ao pecado. Como superar essas misérias? Responde a Igreja: “Inserindo atividades humanas na Redenção de Cristo, usando as coisas na lembrança de que é nosso, mas nós somos de Cristo e Cristo é de Deus.
Cristo nos ensina que a lei fundamental para a transformação do mundo é o amor, mediante o qual, sobrenaturalizado pela graça, se poderá chegar à realização, na história, de um esboço da futura Cidade de Deus.
                O homem, criado à imagem de Deus, recebeu a missão de submeter a terra e tudo o que existe a si e de governar o mundo com justiça e santidade. Tudo isso ultrapassa o valor do progresso técnico.
                A criação é dotada de fundamento próprio, verdade, bondade, leis e ordem específicas. O homem deve respeitar tudo isso.
                A perturbação da hierarquia de valores, a mistura do bem com o mal fazem com que as pessoas e grupos passem a olhar os próprios interesses e não os dos outros. Assim, o mundo não é um lugar de fraternidade verdadeira, quando o poder ameaça destruir o próprio gênero humano.
CAPÍTULO IV: função da Igreja no mundo de hoje
                O FIM DA IGREJA É ESCATOLÓGICO, mas estando presente na terra, com suas energias do Reino de Deus, ela pode e deve começar aqui a formar a família dos filhos de Deus, num mundo humanizado por sua influência.
Ela exorta os cristãos a desempenharem fielmente suas tarefas terrestres, numa autêntica vivência e irradiação da fé. E ao mesmo tempo, para que possa precisamente impregnar o mundo, de maneira mais integral, com a mensagem cristã, necessita conhecê-lo, em todos os seus problemas, em sua evolução, em sua mentalidade. Conhecendo-o, muitas vezes é a própria Igreja que se enriquece, capacitando-se a dar novas expressões à encarnação da mensagem cristã.
                A Igreja é considerada aqui enquanto existe neste mundo e com ele vive e age. A Igreja irradia sua luz sobre o mundo inteiro, porque restabelece e eleva a dignidade humana e reveste de sentido profundo a atividade cotidiana dos homens.
                Auxílio da Igreja a cada homem. A Igreja sabe que só Deus responde às aspirações profundíssimas do coração humano. Por isso, ela se sente incumbida de revelar ao homem o sentido de sua própria existência, a saber, a verdade essencial sobre ele.
                O homem é exposto à tentação de pensar que seus direitos pessoais são plenamente garantidos quando desligados de qualquer norma da Lei divina. Por este caminho a dignidade da pessoa perece.
                A missão da Igreja confiada por Cristo não é de ordem política, econômica ou social. É de ordem religiosa. Aqui o Concílio exorta os cristãos a procurarem desempenhar fielmente suas tarefas terrestres, guiados pelo espírito do Evangelho.
                O divórcio entre a fé professada e a vida cotidiana de muitos deve ser enumerado entre os erros mais graves do nosso tempo. Quando o cristão negligencia seus deveres temporais, ele está negligenciando seus deveres para com o próximo e o próprio Deus.
                Os leigos estão obrigados não somente a impregnar o mundo de espírito cristão, mas também são chamados a serem testemunhos de Cristo em tudo.
                Auxílio do mundo à Igreja. Desde o início de sua história, a Igreja aprendeu a exprimir a mensagem de Cristo através dos conceitos e linguagens dos diversos povos e, ainda, ilustrou-a com a sabedoria dos filósofos.
                A Igreja precisa do auxílio dos que, crentes ou não crentes, vivendo no mundo, conhecem bem os vários sistemas e disciplinas e entendem a sua mentalidade profunda.
A Igreja como “o sacramento universal da salvação" ajuda o mundo e dele recebe muitas coisas.
2ª PARTE: alguns problemas mais urgentes (pastoral)
CAPÍTULO I: a promoção da dignidade do matrimônio e da família
                Estamos DIANTE DE UMA INSTITUIÇÃO DO CRIADOR ELEVADA POR CRISTO À CATEGORIA DE SACRAMENTO. Mas, infelizmente, o MATRIMÔNIO e a FAMÍLIA não refulgem atualmente em toda parte com seu genuíno brilho. Causas: a peste do divórcio, o chamado amor livre, e outras deformações.
                A salvação da pessoa e da sociedade humana está estreitamente ligada ao bem-estar da comunidade conjugal e familiar. O valor sagrado do estado matrimonial requer que seja salvaguardado. Esse vínculo sagrado não depende do arbítrio humano. Deus é o autor do matrimônio dotado de vários bens e fins, que são todos de grande importância para a continuação do gênero humano, para a dignidade, estabilidade, paz e prosperidade da própria família e da sociedade humana inteira.
Todos devem promover a dignidade do matrimônio e da família, tendo em vista que:
O consentimento matrimonial é pessoal e irrevogável.
A união íntima, a doação recíproca do casal e o bem dos filhos exigem fidelidade e indissolubilidade dos cônjuges.
O amor conjugal é alheio a toda espécie de divórcio e adultério.
Esse Pacto e esse Amor SE ORDENAM À PROCRIAÇÃO e EDUCAÇÃO DA PROLE, devendo ser assumida a fecundidade matrimonial num espírito de responsabilidade generosa, humana e cristã;
A vida deve ser protegida com o máximo de cuidado desde a concepção. O aborto como infanticídio são crimes nefandos.
                Ao poder civil cabe o dever de considerar como sua função sagrada reconhecer, proteger, cultivar a verdadeira natureza da família, defender a moralidade pública e favorecer a prosperidade dos lares.
CAPÍTULO II: a conveniente promoção do progresso cultural
No mundo de hoje abrem-se novos horizontes no campo das ciências e cresce o senso de participação na cultura; entretanto, persistem também graves antinomias dentro desse mesmo progresso  cultural e entre ele e sua capacidade de participação, para muitos.
O Concílio LEMBRA AOS CRISTÃOS QUE SUA FÉ NO REINO DOS CÉUS NÃO OS DEVE DESINTERESSAR DA CULTURA MODERNA; que esta de modo algum é feita para favorecer o agnosticismo; que o Evangelho estimula a civilização; e lembra a todos que A CULTURA DEVE SUBORDINAR-SE À PERFEIÇÃO INTEGRAL DA PESSOA E AO BEM COMUM.
                Modificam-se profundamente as condições de vida do homem moderno. De fato, os hábitos e costumes de vida tornam-se cada dia mais uniformes. A industrialização, a urbanização e outras causas criam novas formas de cultura (cultura de massa), das quais surgem maneiras novas de sentir, de agir e de utilizar o tempo livre.
                Que fazer para que os intercâmbios culturais não perturbem a vida das comunidades, não destruam a sabedoria dos antepassados e nem coloquem em perigo das comunidades, não destruam a sabedoria dos antepassados e nem coloquem em perigo a índole de cada povo?
                O homem pode contribuir em alta medida para que a família humana se eleve às noções mais nobres do verdadeiro, do bom e do belo.
                O progresso das ciências e da técnica, em razão de seus métodos, não conseguem atingir as profundezas das realidades. Por isso, não podem ser a norma suprema na procura da verdade.
                A Igreja lembra que a cultura deve estar subordinada à perfeição integral da pessoa humana, ao bem da comunidade e da humanidade inteira.
Algumas obrigações mais urgentes dos cristãos em relação à cultura:
Trabalhar no setor econômico e político, em âmbito nacional e internacional, conforme a dignidade da pessoa, sem discriminação de raça, sexo, nação, religião ou condição social.
Trabalhar pela promoção dos operários, camponeses e mulheres;
Trabalhar pela promoção da cultura integral do homem.
                A civilização humana e a educação cristã. Na pastoral sejam conhecidos e usados não só os princípios teológicos, como também as descobertas feitas pelas ciências, sobretudo da psicologia e da sociologia.
                Os fiéis saibam unir os conhecimentos das novas ciências e descobertas com a moral e os ensinamentos da doutrina cristã, para que a cultura religiosa e a retidão moral caminhem juntas.
CAPÍTULO III: sobre a vida econômica e social
                O homem é o autor, centro e fim da vida econômico-social.
                A economia atual é assinalada por uma dominação crescente do homem sobre a natureza. Constata-se que enquanto uma enorme multidão tem falta de coisas necessárias, alguns, mesmo em regiões desenvolvidas, vivem na opulência ou desperdiçam os bens. De um lado o luxo, de outro a miséria.
O desenvolvimento econômico:
Deve estar a serviço do homem todo e de todos os homens (atendendo a hierarquia das exigências de sua vida intelectual, moral, espiritual e religiosa);
Exige participação de muitas pessoas e de todas as nações (não é um grupo de poderosos que decide etc.);
Exige a supressão das acentuadas diferenças (econômico-sociais). Nada de discriminação referente à remuneração dos provenientes de outra nação ou região.
Exige o cuidado pelos que sofrem maiores dificuldades, por motivo de doença ou idade, assegurando assim sua subsistência e dignidade humana.
Alguns princípios que precisam reger a vida econômico-social:
O Trabalho e o Descanso são direito de todos;
A participação ativa de todos na gestão das empresas (homens livres e responsáveis: proprietário, empregadores, operários). Deve-se promover isso;
O direito dos trabalhadores de fundarem associações que os representem em termos de organização da vida econômica na ordem reta;
A propriedade particular deve estar a serviço do bem comum. Deus destinou a terra para o uso de todos os homens e povos. Ele quis assim que os bens criados bastassem a todos com equidade, sob as regras da justiça, inseparável da caridade. O homem que possui legitimamente as coisas materiais não as deve ter só como próprias dele, mas também como comuns, no sentido que possam ser úteis também aos outros. (caso dos refugiados. Que as famílias os abriguem);
Ninguém abuse da propriedade particular contra o bem comum.
CAPÍTULO IV: a vida da comunidade política
                A comunidade política existe por causa do bem comum. Por isso, o exercício da autoridade política deve ser sempre realizado dentro dos limites da ordem moral. E neste caso os cidadãos são obrigados em consciência a obedecer.
                Lembrem-se os cidadãos do direito e do dever de usarem o voto para a promoção do bem comum.
                Os cidadãos evitem atribuir demasiado poder à autoridade pública e não exijam dela inoportunamente privilégios e proveitos exagerados.
                Condenam-se quaisquer formas políticas que impedem a liberdade civil e religiosa e desviam o exercício da autopridade, do bem comum para o proveito de algum partido ou dos próprios governantes.
Os fins e campos da Igreja e da sociedade política são diversos e autônomos, mas precisam COOPERAR, pois ESTÃO A SERVIÇO DA VOCAÇÃO DOS MESMOS HOMENS.
A IGREJA PODE IMITIR JUIZOS MORAIS sobre questões da ordem política, quando o exigirem os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas.
CAPÍTULO V: a construção da paz e a promoção da comunidade dos povos
                Para a construção da paz são indispensáveis a vontade séria de respeitar os povos e sua dignidade.
                A guerra é um crime contra Deus o próprio homem. Deve ser condenada com firmeza e4 sem hesitação. Por isso, os homens devem se convencer que a corrida armamentista não é o caminho para assegurar a paz. Pelo contrário, só faz agravar mais ainda a guerra. A guerra lesa os pobres.
                A paz deve nascer da confiança mútua entre os povos e da imposição das armas às nações.
No objetivo de afastar as guerras esforcem-se as instituições internacionais e incentive-se uma MUDANÇA PROFUNDA NA MENTALIDADE E NA OPINIÃO PUBLICA.
Construção da Comunidade internacional: A Solidariedade humana pede:
A extirpação das causas de desentendimentos entre os homens;
MAIOR INTENSIDADE nas ações das instituições internacionais (acudir os sofrimentos dos refugiados, ajudar os emigrantes e suas famílias);
COOPERAÇÃO no Campo Econômico (o desenvolvimento de uma nação depende de ajuda humana e pecuniária);
AJUDA DOS POVOS DESENVOLVIDOS aos que ainda não estão em vias de desenvolvimento;
PRESENÇA EFICIENTE dos cristãos no auxílio ao povo (o espírito de pobreza e a caridade são a glória e o testemunho da Igreja de Cristo);
PRESENÇA DA IGREJA na Comunidade Internacional através de suas instituições públicas e da ação de seus filhos.
CONCLUSÃO
                Os cristãos nada podem desejar mais ardentemente do que prestar serviço aos homens do mundo de hoje, sendo-lhe, como ensina o Evangelho, sal e luz. E em meio a essa realidade global que pensem como pede a Gaudium et Spes: Nas coisas necessárias reine a unidade; nas duvidosas, a liberdade; em tudo, a caridade.