CEM ANOS DE PRESENÇA CAPUCHINHA NO ANIL
Elevemos o nosso
cântico jubilar de ação de graças, pois o Centenário
da Presença Missionária Capuchinha na benemérita Paróquia Nossa Senhora da
Conceição do Anil certamente foi escrito com zelo apostólico, espírito de
abnegação, solicitude pastoral e a coragem missionária dos Frades, Irmãos e do Povo
de Deus para galgar o cume da evangelização, isto é, a implantação da Igreja.
No final do séc.
XIX, em 30 de junho de 1893 foi inaugurada a Antiga Companhia de Fiação e
Tecidos do Rio Anil, a partir daí houve uma mudança no modo de vida do bairro
do Anil, desenvolvendo-se grandemente passando a ter uma boa estrutura social.
Como boa parte das fábricas da época, a Companhia de Fiação e Tecidos do Rio
Anil, não resistiu aos entraves e faliu em 1961. Portanto, quando os Frades e
os Irmãos chegaram ao Anil, a Companhia de Fiação e Tecidos já existia há duas
décadas, esbanjando desenvolvimento e com isso, abrindo caminhos com novos
desafios para a Igreja da época.
Em 1906, Frei Estêvão de Sesto São João e Frei Josué de Monza pregaram Santas
Missões populares no Anil, encontrando-o adormecido, sentiram-no “gelado para
as coisas de Deus”. Isso se devia ao deplorável abandono em que o Anil foi
deixado por muitos anos. Daí em diante os frades dispensaram especial
importância para assistência pastoral. Portanto Frei Estêvão e Frei Josué
foram os “operários da primeira hora”
aqueles que lavraram a vinha mística do Anil, preparando-as para os operários
que deviam plantá-la.
Frei João Pedro do Sesto, cheio de zelo
e solicitude pela salvação das almas idealizou um jeito prático para conquistar
o povo do Anil, nos inícios do séc. XX. Pensou abrir uma casa para as Irmãs
Missionárias Capuchinhas. O fundador deu a esta casa o nome de “Santa Cruz”, pois subindo do porto na
direção da colina sobre o qual está construído o Convento das Irmãs, avistou
uma cruz erguida de modo imponente e altaneiro, sinalizando que ali já
tremulava desfraldado o glorioso estandarte de Cristo.
Obtida a
necessária autorização do Núncio
Apostólico e o aval de Dom Francisco
de Paula e Silva, Bispo Diocesano, dado mediante o decreto de 24 de abril
de 1912, as coisas começaram a encaminhar-se para a meta. Em 06 de março de
1913 aportaram em São Luís, as Fundadoras do Convento das Irmãs Missionárias
Capuchinhas no Anil: Irmã Inês Maria de
Santa Quitéria, Irmã Rita Maria de
Canindé, Irmã Coleta Maria de
Quixadá e mais cinco noviças acompanhadas por Frei Daniel Rossini de Samarate.
Frei Daniel de Samarate instalou-se no
Anil em 31 de março de 1913, permanecendo pouco mais de um ano, como pastor da
grei anilense e pai espiritual das Irmãs Missionárias Capuchinhas. No dia 02 de
abril de 1913, entre a exultação popular e grande manifestação das famílias do
Anil, as irmãs tomaram posse do Convento e do Educandário Santa Cruz apontando
para uma nova etapa na conquista de almas e de corações naquela grei
abandonada.
O Bispo Diocesano
Dom Francisco de Paula e Silva
celebrou a Santa Missa na Igrejinha construída em 1906 por Frei Estêvão e Frei Josué
no dia 11 de maio de 1913. Na ocasião o Bispo benzeu a Igrejinha, louvou e
apoiou todos os esforços feitos por aquela obra recentemente iniciada. Depois
de Frei Daniel de Saramate, Frei Germano permaneceu no Anil durante
um triênio (1913 / 1915), dando o melhor de suas energias na assistência
pastoral do povo de Deus.
Dessa data até
1919, o cuidado pastoral do Anil esteve orientado a partir do Convento do
Carmo, isto é, os frades se revezavam no atendimento pastoral. Na metade de
outubro de 1918, houve Santas Missões Populares coordenadas por Frei Marcelino de Milão, preparando o
povo para a criação da nova paróquia e, ao mesmo tempo, fazer frente ao avanço
do protestantismo e do espiritismo naquele rincão insular. Esta foi qualificada
como “a grande missão do Anil”, os
jornais veicularam a notícia de que o êxito foi completo.
Como resposta às
Santas Missões Populares, aos 13 de novembro de 1918, foi criada a conferência
de São Vicente de Paulo para socorrer as famílias pobres e necessitadas. A
cerimônia foi presidida por Frei
Marcelino de Milão, estando presentes, Frei
Estevão e o Lazarista Pedro Sarnell.
Aos
11 de janeiro de 1919, Monsenhor João
Chaves apresentou Frei Marcelino de
Milão ao povo como Pároco; leu o decreto de nomeação do mesmo e recebeu o
seu juramento. Frei Marcelino
dirigiu aos fiéis a sua saudação e apresentou o seu projeto pastoral. No dia 26
de janeiro de 1919, no Educandário Santa Cruz, foi instalada a Pia Associação
das Mães Cristãs; a finalidade da mesma era infundir no seio das famílias
católicas valores verdadeiramente cristãos. O Apostolado da Oração também recebeu
especial atenção dos 29 zeladores que existiam, em poucos meses aumentaram para
620. A Escola Catequética também recebeu um novo sopro de vida: 495 crianças.
Esta obra era a que mais fazia pulsar o coração do Pároco. Para atrair a
rapaziada organizou um campo de futebol. As visitas às famílias foram outros
meios da solicitude pastoral de Frei Marcelino.
Um ano mais
tarde, 09 de fevereiro de 1920, o Povo do Anil recebeu festivamente Dom Helvécio Gomes de Oliveira que veio
para administrar a Crisma. As numerosas comunhões chamaram a atenção do Pastor.
Porém, grande foi a sua alegria ao constatar a frequência das crianças ao
Catecismo. Tudo isso lhe fez declarar que, “estava com a alma repleta de
felicidade por constatar tanta piedade e ação católica na Paróquia do Anil”.
No
dia 21 de abril do mesmo ano, também o Governador do Estado, Urbano Santos da Costa Araújo, foi ao
Anil para visitar o Educandário Santa Cruz e as Instituições paroquiais.
Partindo, deixou escrito: “Tenho a grata
satisfação de afirmar que o Anil, não é só um centro florescente de
catolicismo, mas também, um dos bairros onde a educação e a instrução se
distinguem e refulgem quais luzes brilhantes. Não sirva de louvor ao Pároco e
às bondosas Irmãs, que são os expoentes de tudo isso”.
Se Frei Marcelino pode obter tanto sucesso
na Paróquia do Anil, reformando costumes e melhorando consciências, depois de
Deus, o mérito é também do zeloso missionário e exímio pregador, Frei Teobaldo de Monticelli, que em
tudo coadjuvou Frei Marcelino, não
poupando fadigas e sacrifícios.
Em
1947 Frei Hermenegildo Maria assume como Pároco em
substituição a Frei Renato de Gana,
aos poucos foi conquistando os corações dos fiéis e, em pouco tempo, era
conhecidíssimo não só no Anil, mas, em toda a cidade de São Luís. Sua marca
registrada, o velho Jeep que usava no atendimento paroquial e o cachorro, seu
amigo inseparável, que sempre o acompanhava, correndo atrás do Jeep. Mas, nem
bem o novo Pároco assumiu a Paróquia, aos 06 de agosto de 1947, desmorona uma
parte da antiga Igreja e a outra fica comprometida. Certamente aos atentos
ouvidos de Frei Hermenegildo Maria deve ter ressoado a consigna
franciscana, “vai e reconstrói a minha
Igreja”.
Aos 14 de
setembro de 1949, motivado pelo entusiasmo pastoral do Povo, iniciou a
construção da nova Igreja que, hoje, sobressai altaneira e bela, na colina
Santa Cruz do Anil. Homem de saúde frágil que volta e meia estava internado nos
hospitais, não se acomoda. Embalado pelo fervor dos fiéis, em agosto de 1950
inicia a construção da Torre da Igreja e, em novembro do mesmo ano, a
construção do Salão Paroquial. Ainda teve tempo e disposição para inaugurar o
Posto Médico e a Escola Paroquial. Foi Pároco do Anil por 16 anos.
Em
1962 Frei Hermenegildo Maria se
retira do Anil por uma breve temporada, e toma posse o novo Pároco, Frei Simeão de Levate. Aos 18 de
fevereiro de 1968 voltou ao Anil como Cooperador e terminou como Pároco, pela
segunda vez para alegria do povo anilense. Frei João Franco Frambi é o seu Cooperador. Em setembro de 1968 começam
as Missas todos os domingos nas “Casas Populares” (COHAB). No início se
celebrava nas ruas, depois no Grupo Escolar. Em janeiro de 1969 o Pároco
iniciou a batalha pelo terreno para a construção da futura Igreja da COHAB. Em
1970 termina o seu segundo Paroquiato no Anil, somando 19 anos de ação
missionária na Paróquia. Como reconhecimento por tudo o que fez no Anil, a
Prefeitura lhe dedicou uma rua, no Bairro da Aurora / Anil (Frei Macapuna).