CEM ANOS
DE PRESENÇA CAPUCHINHA NO ANIL
A Centenária “Presença Capuchinha” na benemérita Paróquia de
Nossa Senhora da Conceição do Anil, diz respeito a todos nós. Aprouve à Divina
Providência nos convocar: Frades, Irmãs e Povo de Deus, para que juntos, escrevêssemos
essas belíssimas e gloriosas páginas dessa História centenária. Elevemos o
nosso cântico jubilar de Ação de Graças, pois, esse CENTENÁRIO de presença
Missionária no Anil, certamente, foi escrito com zelo apostólico, espírito de
abnegação, solicitude pastoral, generosas disponibilidades, abertura cultural e
a coragem missionária para galgar o cume da evangelização, isto é, a
implantação da Igreja.
Permitam-me nesse momento, evocar as primícias da Missão Capuchinha
Lombarda no Brasil: frei Vitor de Martinengo, frei Samuel de Seregno, Mansueto
de Peveranza, frei Emiliano de Goglione, Paulo de Trescorre, frei Daniel de
Clusone
Esses nossos heróis missionários chegaram a Pernambuco no dia
21/04/1892 e, dois meses depois, dois desses “soldados de Cristo” (frei
Emiliano e frei Vitor) tombaram no campo de batalha, vencidos pela malária que
naquele tempo não dava trégua. É o Evangelho ao vivo: “se o grão de trigo ao
cair na terra não morrer, não poderá dar frutos”. O centenário da nossa
presença missionária no Anil é fruto dessas “sementes” lançadas pelo Senhor na
vinha da Missão Lombarda no Brasil.
Morreram dois missionários, chegaram mais dois, ha exatos 120
anos: aos 28 de dezembro de 1892, desembarcaram em Pernambuco, frei Carlos de
São Martinho Olearo e frei Afonso de Castel de Lecco. A meta era chegar ao
“Norte do Brasil”. Convidado pelo Bispo do Maranhão, Dom Antonio Cândido de Alvarenga,
frei Carlos chegou ao Maranhão no início de agosto de 1893, sozinho, e logo em
seguida trouxe de Pernambuco para o Maranhão, frei Afonso de Castel de Lecco e
frei Paulo de Trescorre, e no início de 1894, chegaram frei Mansueto de Peveranza,
frei Samuel de Seregno e frei Daniel de Clusone.
Estava formada, além da “Estação Missionária” no Norte do Brasil,
a Primitiva Fraternidade dos Capuchinhos Lombardos no Maranhão, alojada num primeiro
momento, no lugar chamado “São Francisco da Ilha”. Depois passaram para a Igreja
de São João e, em meados de 1894, estabeleceram-se no Convento do Carmo, “Mater
e Caput Missionis”.
A esta pequeníssima grei de infatigáveis Missionários Capuchinhos
já implantados no “Norte do Brasil”, se junta, aos 03 de dezembro de 1894, um novo
contingente de missionários, trazendo na bagagem: juventude, saúde, disposição,
generosidade e o inalienável desejo de “salvar as almas”.
Entre esse novo contingente de oito missionários
- ainda guardados no coração de Deus - estavam dois Mártires de Alto Alegre -
frei Reinaldo de Paulo e frei Zacarias de Malegno - e o FUNDADOR das Irmãs
Missionárias Capuchinhas: Frei João Pedro de Sesto São João.
Num curto espaço de tempo, esse seleto grupo de Missionários
pregou Missões Populares em quase todo o Maranhão daquela época: Arari, Vitória
do Mearim, Bacabal, São Bento, Brejo, Viana, Caxias, Barra do Corda, Mirador, Pedreiras,
São José dos Matões, Rosário, Santa Helena, Penalva, Guimarães, Monção, Santa Quitéria,
Turiaçu, Cururupu, Pinheiro, Icatu, Axixá, Tutóia, Barreirinhas, Itapecuru Mirim,
Vargem Grande, Canabrava, Coroatá, Chapadinha, Grajaú, Loreto, Riachão, São Luís
Gonzaga, Cajapió, Alcântara. No Piauí: Picos, Oeiras, Amarante, São Miguel, Jeromenha,
São João do Piauí, Bom Jesus do Gurgueia, São Raimundo Nonato, Santa Filomena, União,
Porto Alegre, Retiro, Campo Maior, Batalha, Floriano, Parnaíba.
Contexto Sóciopolítico do Anil!
No final do século XIX, pelo menos dez fábricas de tecidos e fiação
se instalaram em São Luís, anunciando o progresso e a mudança da vida social da
região. A antiga Companhia de Fiação e Tecidos do Rio Anil, inaugurada em 30 de
junho de 1893, mudou o modo de vida do bairro do Anil; desenvolveu-se
grandemente, passando a ter uma boa estrutura social: educandários, colégios,
igrejas, além de mercado público, onde funcionou mais tarde a superintendência
do Anil e hoje abriga o atual Posto Médico, e várias lojas de tecidos. Para o lazer,
dois cinemas: o Rivoli e o Anil, da rua do campo do Botafogo, pertencente à
fábrica, além do balneário do Rio Anil e os famosos bailes populares.
Dada a importância do bairro na época, a Companhia Ferro-Carril
do Maranhão construiu dez quilômetros de trilhos até o Anil, por onde
circulariam bondes que mais tarde tornou-se um dos principais trechos da malha
ferroviária da cidade. Como boa parte das fábricas da época, a Companhia de
Fiação e Tecidos do Rio Anil não resistiu aos entraves e faliu em 1961.
Portanto, quando os frades e as irmãs chegaram ao Anil a Companhia de Fiação já
existia ha duas décadas, esbanjando desenvolvimento e, com isso, abrindo
caminhos com novos desafios para a Igreja da época. Eis o sentido da expressão:
“povo gelado para com as coisas de Deus”, constatada pelos missionários; a
Igreja “estava ausente” naquele novo contexto sóciocultural do Anil, mas, eles
encontraram uma saída.
Em 1906, frei Estêvão de Sesto São João e frei Josué de Monza pregaram
Santas Missões Populares no Anil, encontrando-o “adormecido em um profundo
sono”, e sentiram-no gelado para as coisas de Deus. Isso se devia ao deplorável
abandono em que o Anil foi deixado por muitos anos. Daí em diante os frades
dispensaram especial importância para a assistência pastoral do Anil, que por
muitos anos esteve como “ovelha sem pastor”. Portanto, frei Estêvão e frei
Josué foram os “operários da primeira hora”, aqueles que lavraram a vinha mística
do Anil, preparando-a para os operários que deveriam plantá-la.
FREI JOÃO PEDRO DE SESTO cheio de zelo e solicitude pela salvação
das almas idealizou um jeito prático para conquistar o povo do Anil, nos
inícios do século XX. Pensou abrir uma Casa para as Irmãs no Anil. O local da
Casa das Irmãs foi escolhido pelo Fundador e deu a esta Casa o nome de “Santa Cruz”,
pois, subindo do Porto na direção da colina sobre a qual está construído
Convento das Irmãs, avistou uma Cruz, erguida de modo imponente e altaneiro,
sinalizando que ali já tremulava defraldado, o glorioso estandarte de Cristo.
A Escola Santa Cruz do Anil!
Obtida a necessária autorização do Núncio Apostólico e o aval de Dom Francisco de Paula e Silva, Bispo Diocesano,
dado mediante o decreto de 24 de abril de 1912, as coisas começaram a
encaminhar-se para a meta. Frei João Pedro de Sesto São João conseguiu um terreno com uma casa que, restaurada e ampliada, ofereceria abrigo para as
Irmãs. Foi assim que no dia 06 de
março de 1913, aportaram em São Luís, as
fundadoras do Convento das Irmãs Missionárias Capuchinhas no Anil: Irmã
Inês de Santa Quitéria, Irmã Rita de Canindé,
Irmã Coleta de Quixadá e mais cinco noviças, acompanhadas por frei Daniel Rossini de Samarate.
Enquanto terminavam os
preparativos para o funcionamento do
Convento, as Irmãs foram hospedadas na casa de uma nobre Franciscana Secular, Dona Francisca Viveiros
de Castro, neta do Barão de São Bento.
Frei Daniel de Samarate instalou-se no Anil, aos 31 de março de 1913, para preparar a chegada das Irmãs e, ali
permaneceu durante um ano, como Pastor
da grei anilense e pai espiritual das
Irmãs Missionárias Capuchinhas.
No dia 02 de abril de 1913,
entre a exultação popular e grande manifestação das famílias do Anil, as
Irmãs tomaram posse do Convento e do Colégio
Santa Cruz, apontando para uma nova etapa
na conquista de almas e de corações naquela grei abandonada.
Instalava-se no Anil, a primeira Fraternidade das Irmãs Missionárias
Capuchinhas, entre as quais, distingue-se, Irmã Coleta Maria de Quixadá que
recebeu o Hábito Religioso das mãos do
Fundador e que muitos de nós a conhecemos. Jovem Religiosa, exímia educadora, talentosa organista, zelosa missionária, Irmã Coleta terminou seus dias no
benemérito Convento Santa Cruz, na
invejável idade de 106 anos. No dia 24/08/1913,
outro grupo de Irmãs vindas do Pará, instalou-se no Orfanato Santa Luzia.
No dia 11 de maio de 1913, o Bispo, Dom Francisco de Paula e Silva, celebrou pela primeira vez, na igrejinha
construída em 1906, depois das Santas Missões pregadas por frei Estêvão e frei Josué. Na ocasião o Bispo benzeu a igrejinha,
louvou e apoiou todos os esforços
feitos por aquela obra recentemente iniciada. A Escola Santa Cruz iniciou com
80 alunos. As vizinhas fábricas de tecidos onde trabalhavam mais de 400
operários, homens e mulheres, eram
administradas por homens que passaram
ao Protestantismo e sob a bandeira de Lutero se empenhavam em recrutar fiéis no meio da frágil fibra cristã dos operários.
“Mas, as Irmãs da Escola Santa Cruz se lançaram na luta com todas as energias, e com a coragem digna das
primeiras heroínas do cristianismo;
disputaram uma a uma aquelas almas, reconduzindo-as pacientemente ao
redil de Cristo; elas reconquistaram palmo a
palmo o terreno perdido e, depois, com exceção de uma minoria protestante, todas
aquelas famílias retomaram
o bom caminho. Além da educação formal da juventude nas Escolas, Santa Cruz e Orfanato Santa Luzia, a obra catequética
das Irmãs chegava até São José de Ribamar, onde instruíam e preparavam as crianças para a
Primeira Comunhão, tirando-as da ignorância religiosa” (Manuscritos de fr. Marcelino de
Milão, p. 43).
A presença
dos frades no Anil!
Frei Daniel de Samarate ficou no Anil pouco mais um ano (31/03/1913
- 27/04/1914); já frei Germano permaneceu um triênio (1913/1915), dando o
melhor de suas energias na assistência pastoral ao Povo de Deus. Dessa data até
a ereção do Curato (1919), o cuidado pastoral do Anil esteve orientado a partir
do Convento do Carmo, isto é, os frades se revezavam no atendimento pastoral.
Na metade de outubro de 1918, no Anil realizou-se outro curso de Santas Missões,
coordenada por frei Marcelino de Milão, preparando o povo para a criação da
nova Paróquia e, ao mesmo tempo, fazer frente ao avanço do protestantismo e do
espiritismo naquele rincão insular. Qualificada como “a grande Missão do Anil”,
os jornais veicularam a notícia de que o êxito foi completo.
Como resposta às Missões Populares, aos 13 de novembro de 1918,
foi criada a Conferência de São Vicente de Paula, reunindo trinta sócios e
sessenta auxiliares para socorrer as famílias pobres necessitadas. A cerimônia
foi presidida por frei Marcelino, estando presentes, frei Estêvão e o Lazarista
Padre Pedro Sarnell.
A obra de
Frei Marcelino!
Aos 11/01/1919, Monsenhor João Chaves apresentou frei Marcelino
de Milão ao povo como Pároco; leu o decreto de nomeação do mesmo e recebeu o
seu juramento.
Frei Marcelino dirigiu aos fiéis a sua saudação e apresentou o seu
projeto pastoral. No dia 26/01/1919, na Escola Santa Cruz, foi instalada a Pia
Associação das Mães Cristãs; a finalidade da mesma era infundir no seio das
famílias católicas valores verdadeiramente cristãos. Essas mães cristãs se
reuniam na Escola Santa Cruz sob a guia das Missionárias Capuchinhas. O Apostolado
da Oração também recebeu especial atenção: dos
29 zeladores que existiam, em poucos meses aumentaram para 620.
A Escola Catequética também recebeu um novo sopro de vida: 495 crianças. Esta
obra era a que mais fazia pulsar o coração do Pároco. Para atrair a rapaziada
organizou um campo de futebol. As visitas às famílias foram outros meios da
solicitude pastoral de frei Marcelino.
Ilustres visitas!
Um ano mais tarde, 09 de fevereiro de 1920, o Povo do Anil recebeu
festivamente Dom Helvécio Gomes de Oliveira que veio para administrar a Crisma.
As numerosas comunhões chamaram a atenção do Pastor e, ao presidir a
Conferência de São Vicente de Paulo, ficou mui impressionado com o espírito de
piedade e devoção daqueles associados. Porém, grande foi a sua alegria ao constatar
a frequência das crianças ao Catecismo. Tudo isso lhe fez declarar que, “estava
com a alma repleta de felicidade por constatar tanta piedade e ação católica na
Paróquia do Anil”.
No dia 21 de abril do mesmo ano, também o Governador do Estado,
Urbano Santos da Costa Araújo, foi ao Anil para visitar a Escola Santa Cruz e
as Instituições paroquias. Partindo, deixou escrito: “Tenho a grata satisfação
de afirmar que o Anil, não é só um centro florescente de catolicismo, mas também,
um dos bairros onde a educação e a instrução se distinguem e refulgem quais
luzes brilhantes. Não sirva de louvor ao Pároco e às bondosas Irmãs, que são os
expoentes de tudo isso”.
Se frei Marcelino pode obter tanto sucesso na Paróquia do Anil, reformando
costumes e melhorando consciências, depois de Deus, o mérito é também do zeloso
missionário e exímio pregador, frei Teobaldo de Monticelli, que em tudo coadjuvou
frei Marcelino, não poupando fadigas e sacrifícios. A ação deste frade da
palavra fácil, que tanto bem fez mediante suas ininterruptas excursões, atravessou
o Maranhão e o Piauí, se lançou de cheio no árduo trabalho pastoral do Anil,
quando o Pároco saía para acompanhar o Bispo nas visitas pastorais.
Sucessores de frei Marcelino!
Ao frei Marcelino que concluiu o seu ministério pastoral no Anil,
em fevereiro de 1920, sucederam-no duas almas missionárias: frei Ricardo de
Dovera e frei Josué de Monza, infundindo na população anilense, a face luminosa
da fé. Frei Ricardo e frei Josué pastorearam a grei do Anil, de 1920 a 1923. Em
dezembro de 1927 houve outra “grande missão popular” no Anil pregada por frei
Eugênio de Moreta e frei Bernardino de Mornico. Em 1930, assume o Curato o
jovem frei Elígio de Désio, distinguindo-se pela pontualidade e pelo zelo com
que realizava as funções litúrgicas.
DESTAQUE PARA:
Frei Estêvão de Sesto São João:
Antes da chegada de Frei Daniel foi ele quem garantiu a cura pastoral
do Anil, depois das Santas Missões Populares pregadas por ele em 1906.
Mensalmente vinha da Igreja do Carmo ao Anil, embarcado, para aquecer com pão
da Palavra e da Eucaristia o coração daquele povo “gelado para com as coisas de
Deus”. De fato, os corações dos discípulos de Emaús se aquecem com a Palavra e
a acolhem no partir do Pão. A atitude de frei Estêvão juntamente com o grupo dos
missionários está em perfeita sintonia com a exortação do Papa Francisco:
“Sacerdotes, saiam de si e vão ao encontro dos outros”. Ao frei Estêvão se deve
a reestruturação e parte da construção do centenário Convento das Irmãs, ao
lado direito da Igreja; o silêncio claustral do Convento Santa Cruz do Anil
guarda a memória histórica de um homem que amou as vocações autóctones. A
presença ininterrupta dos frades e das Irmãs no Anil é fruto do seu labor
vocacional.
Frei Daniel de Samarate:
Não foi o primeiro Pároco, mas o primeiro Capuchinho a residir
no Anil. Foi ele quem garantiu o atendimento pastoral do Anil nos momentos mais
desafiadores daquela missão: a invasão do protestantismo nas famílias
católicas; a indiferença para com a religião; a chegada de um novo modo
cultural e social das pessoas; o abandono da Igreja. Mas, frei Daniel, hoje
“Servo de Deus”, durante sua curta permanência no Anil percebeu que Deus havia
reservado para si um íngreme calvário: a hanseníase, incurável e preconceituosa
naquele então. A enfermidade o obrigou a deixar o Anil, no dia 27 de abril de
1914, para entrar definitivamente no leprosário do Tucunduba, em Belém do Pará,
até a sua morte ocorrida dez anos mais tarde, aos 48 anos de idade. Foi
biografado como o “gigante do Prata”, para enaltecer o seu heroico trabalho na Colônia
Indígena de Santo Antonio do Prata, no Pará. Morreu com fama de santidade e,
aos 30/08/1997, em Belém, foi encerrado o Processo Diocesano para a Causa de
Beatificação de frei Daniel.
Frei
Germano de Cedrate:
Outro “gigante” da missão Lombarda no Norte do Brasil. No Anil
frei Germano não construiu - embora mais tarde se revelasse um grande
construtor - mas apenas cuidou daquela “vinha” lavrada e plantada pelos seus
predecessores. Exímio pastor cuidou da “Igreja Povo de Deus” antecipando-se ao Concílio
Vaticano II.
No Anil trabalhou somente três anos e meio, mas, o suficiente para
conquistar almas para Deus. Dalí a obediência o conduziu a lugares diferentes,
com missão específica. Ele que não era engenheiro, construiu o Convento de
Fortaleza, reformou a Igreja do Carmo em São Luís, a Igreja Matriz de Messejana
no Ceará e Grajaú no Maranhão, construiu a atual Igreja de São Benedito em
Pedreiras, em estilo gótico uma torre de 22 ⅟2 m de altura adornada com um
belíssimo carrilhão de sinos. A esse monumento de Pedreiras, acrescenta-se o
majestoso Santuário de Francisco de Assis em Belém, ultimado por ele; nesse
Templo, o último “reparado” pelo frade que “não era engenheiro e nem mestre de
obras”, vale comtemplar a simplicidade do atraente mosaico do piso que dá à
igreja um particular de admiração e recolhimento franciscano.
Irmã Coleta Maria de Quixadá:
Irmã Coleta Maria nasceu aos 07/04/1892 em Quixadá, Estado do
Ceará, filha de uma família de nove irmãos, residentes em Belém do Pará.
Ingressou na Congregação das Missionárias Capuchinhas, no ano de 1909, quando
ainda tinha 16 anos. Seu pai foi levá-la na Casa Matriz de Santo Antonio do
Prata, onde, no dia 16/05/1909, recebeu o hábito religioso das mãos do Fundador,
Frei João Pedro de Sesto, iniciando assim, o santo Noviciado; emitiu seus Votos
Religiosos no dia 04/10/1910. Concluída a sua formação inicial, Irmã Coleta integrou
o primeiro grupo de Irmãs que chegou ao Anil, no dia 02/04/1913 e, no mesmo
ano, aos 08/12/1913, na Igreja do Anil, fez a sua Profissão Perpétua como
Religiosa Missionária Capuchinha. Na Escola Santa Cruz foi professora de letras
e de trabalhos manuais; na igreja matriz, por muitos anos, foi organista e
catequista. Acompanhou a Congregação Mariana desde a sua fundação e os
Congregados chamavam-na de “congregada mariana”. Sua vida missionária foi quase
sempre no Anil; dali ausentou-se apenas cinco anos, quando trabalhou em
Guaramiranga e Fortaleza. Eram marcantes seus dons excepcionais de saúde,
energia, lucidez, personalidade forte, bom senso, simplicidade e amor ao
trabalho.
Centenária, gostava de conversar e dava sonoras gargalhadas. Às
17:20 h do dia 24/02/1998, rodeada por suas Irmãs e assistida por frei Pestana
Júnior, Pároco do Anil, Irmã Coleta foi colhida pela morte corporal na
invejável idade dos seus 106 anos, dos quais, 88 de Vida Religiosa e 80 vividos
exclusivamente no Anil.
Frei Hermenegildo de Morengo:
Chegou ao Anil no ano de 1946 na qualidade de Desobrigante, ou seja,
o Padre que celebrava nas Comunidades rurais; isso revela a imensidão do
território paroquial do Anil, na época. Eis algumas Capelas atendidas pela então
Paróquia do Anil: Santa Bárbara, Tibiri, Maracanã, Vila Maranhão, Quebra Pote,
Calhau, Tupinambá, São Francisco, Estiva, Santa Rosa, Anandiba, Forquilha, Ilha
Pequena, Calhau, Turu, Maioba, Tirirical.
Em 1947 frei Hermenegildo assume como Pároco em substituição a
frei Renato de Gana. Frei Gildo, como lhe chamava carinhosamente o Povo do
Anil, aos poucos foi conquistando os corações dos fiéis e, em pouco tempo, era conhecidíssimo
não só no Anil, mas, em toda a cidade de São Luís. Sua marca registrada, o velho
Jeep que usava no atendimento paroquial e o cachorro, seu amigo inseparável, que
sempre o acompanhava, correndo atrás do Jeep.
Mas, nem bem o novo Pároco assumiu a Paróquia, aos 06/08/1947,
desmorona uma parte da antiga Igreja e a outra fica comprometida. Certamente
aos atentos ouvidos de frei Hermenegildo deve ter ressoado a consigna franciscana,
“vai e reconstrói a minha Igreja”.
Aos 14/09/1949, motivado pelo entusiasmo pastoral do Povo, iniciou
a construção da nova Igreja que, hoje, sobressai altaneira e bela, na colina
Santa Cruz do Anil. Enquanto constrói o Templo, edifica a Igreja do Senhor e,
assim, no mesmo ano de 1949, funda a Liga Católica do Anil com 300 homens.
Homem de saúde frágil que volta e meia estava internado nos hospitais,
não se acomoda. Embalado pelo fervor dos fiéis, em agosto de 1950 inicia a
construção da Torre da Igreja e, em novembro do mesmo ano, a construção do
Salão Paroquial. Ainda teve tempo e disposição para inaugurar o Posto Médico e
a Escola Paroquial. Foi Pároco do Anil por 16 anos.
Em 1962 frei Hermenegildo se retira do Anil por uma breve temporada,
e toma posse o novo Pároco, frei Simeão de Levate. Aos 18/02/1968 voltou ao
Anil como Cooperador e terminou como Pároco, pela segunda vez. Frei Ubaldo de Ghizalba
que tinha sido nomeado para o ofício foi removido para Dom Pedro/MA, e frei
Hermenegildo, para alegria do povo anilense, foi empossado como Pároco. Frei
João Franco Frambi é o seu Cooperador.
Em setembro de 1968 começam as Missas todos os domingos nas
“Casas Populares” (COHAB). No início se celebrava nas ruas, depois no Grupo
Escolar. Em janeiro de 1969 o Pároco iniciou a batalha pelo terreno para a
construção da futura Igreja da COHAB. O terreno foi cedido, mas não doado. Em setembro
desse mesmo ano inicia a campanha para a construção da Igreja, e frei
Hermenegildo foi à Televisão para lançá-la a longo alcance. Em outubro iniciou
a construção da Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Em 1970 termina o
seu segundo Paroquiato no Anil, somando 19 anos de ação missionária na
Paróquia. Como reconhecimento por tudo o que fez no Anil, a Prefeitura lhe
dedicou uma rua, no Bairro da Aurora/Anil (Frei Macapuna).
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